Recursos
Instituições e ongs sentem os efeitos da pandemia
Grupos registram dificuldades nos atendimentos; estudo revela que o problema é nacional
Divulgação -
Um estudo inédito, coordenado pelas consultorias Mobiliza e Reos Partners, apontou a queda significativa na captação de recursos pelas ONGs desde o início da pandemia. O resultado das análises mostrou que duas em cada dez organizações já estão sem fundos para dar continuidade a seus projetos assistenciais junto às comunidades que atuam. As conclusões também apontaram que 87% destas instituições tiveram todas ou parte de suas atividades principais interrompidas ou suspensas e outras 73% das entidades responderam que houve queda significativa da captação de recursos.
Em Pelotas, esta realidade também é perceptível. O Asilo de Mendigos de Pelotas, situado no Parque Dom Antônio Záttera, 338, precisou suspender todas as suas atividades externas, como forma de proteção aos idosos. Somente as ações internas, com os funcionários do Asilo, estão sendo proporcionadas. Como todos os atendidos estão classificados como grupo de risco, até mesmo as visitas de familiares precisaram ser interrompidas. As soluções encontradas foram a disponibilização de um celular para os idosos realizarem videochamadas e horários nas janelas do local para que conversem com os parentes. “Só estamos liberando a entrada em situações excepcionais, em caso de problemas de saúde. Neste ano, nenhum deles apresentou este tipo de problema, então foi mais tranquilo. Como eles estavam sem atividades com pessoas de fora há muito tempo, liberamos uma apresentação da banda da Brigada Militar no jardim, para os alegrar neste tempo”, explica a assistente social da instituição, Maria Elizane Fernandes.
O Asilo não efetuou cortes de funcionários em razão do suporte aos atendimentos, que precisaram ser ampliados neste período. No entanto, por questões de segurança, os trabalhadores voluntários da entidade foram todos dispensados dos serviços. “Eles estavam com atividades apenas internamente e sentem falta desse contato. Precisam disso, eles sentem bastante. Infelizmente, precisamos liberar os nossos voluntários e nossos funcionários trabalham um pouco mais, ainda mais que eles estão vendo os familiares muito pouco. Para ajudá-los e preencher este tempo, todos estamos se desdobrando para amenizar o vazio desse período”, conta Maria Elizane. As mensalidades dos idosos não sofreram alteração, visto que todos são aposentados e não tiveram prejuízos no aspecto financeiro. Por outro lado, houve queda nas arrecadações. “Tínhamos grandes doações, que diminuíram bastante neste tempo. Tivemos que fechar algumas entradas, ficamos com o acesso restrito, o que prejudicou neste sentido. Mas muitas pessoas doaram máscaras, álcool gel e outros produtos que ajudam no combate ao vírus”, afirma.
Banco de Alimentos
Situação bastante parecida também é encontrada no Banco de Alimentos de Pelotas, localizado na avenida Bento Gonçalves, 4.825. A instituição teve um aumento significativo das demandas de abastecimento durante a pandemia. Ao mesmo tempo, registrou uma queda volumosa nas doações a partir do mês de maio, que dificultou os atendimentos. Entre os fatores que causaram a diminuição das arrecadações, está o cancelamento de atividades externas de doações. “Nós tínhamos o sábado solidário, quando ficávamos nas portas do supermercado, e eventos com ingresso solidário, obtidos através da doação de alimentos foram cancelados, acabaram. Tivemos doações muito boas em abril, quando arrecadamos 30 toneladas, acima da média do que recebíamos. Entretanto, esse número caiu mais da metade no mês seguinte”, conta a presidente do banco, Elena Engers.
A instituição tem conseguido se manter através de parcerias com instituições privadas. A pandemia fez com que o público atendido pelo banco fosse praticamente dobrado, o que exigiu estas estratégias para manter o Banco. “Fizemos lives, parcerias com empresas, que nos fizeram algumas boas doações. Entretanto, a situação está difícil. As pessoas jurídicas têm nos ajudados mais do que as pessoas físicas, mas são muitas as dificuldades neste momento. Precisamos da ajuda de todos”, relata Elena. Entre os projetos de continuidade para este ano, a direção planeja retomar os sábados solidários a partir do mês que vem.
Ajustes para garantir os atendimentos
O Hospital Espírita de Pelotas, que funciona na avenida Domingos de Almeida, 2.969, precisou elaborar um planejamento para garantir a segurança dos funcionários e atendimentos. Aconteceram modificações em alas dos hospitais e o número de pacientes internados foi reduzido, com objetivo de promover o distanciamento social entre os atendidos e diminuir as aglomerações. “Registramos um impacto financeiro que não esperávamos no começo da pandemia. Precisamos afastar funcionários que estavam em grupo de risco, tivemos gastos com EPIs. Voluntários e acadêmicos também foram liberados, o que diminuiu a nossa capacidade operacional”, explica o administrador do hospital, Tiago Martinato. Segundo ele, os recursos públicos que são investidos não sofreram alteração, o que não gerou prejuízo. Contudo, as internações que aconteciam através de convênios particulares foram reduzidos. “Há uma portaria que garante os recursos do governo, mas a procura de atendimentos via rede privada diminuiu consideravelmente”, aponta.
A entidade também precisou suspender as visitas aos pacientes e disponibilizou um celular para que os atendidos pudessem manter contato com seus parentes. Outros procedimentos também foram alterados para garantir a segurança de todos. “Criamos unidades de observação para os nossos pacientes. Ele chega, fica 14 dias em observação e depois é integrado nas alas dos hospitais. Uma medida de segurança para os trabalhadores e atendidos”, destaca Tiago.
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